Ensaio

E o futuro que nos prometeram?

Israel Campos
foto/ilustração:
Sérgio Afonso / Arquivo Ngapa

Quase 50 após a independência nacional, existe uma realidade, algures plantada, pela qual continuamos todos à procura. Depois dos ideais da paz, que se afirmaram indispensáveis para o alcance da dignidade e conquista de um rumo, continuamos a deambular, “batendo latas” pela nossa memória colectiva. Por um futuro que nos prometeram, que aceitámos, mas que nunca chegou.

Este futuro prometido que pretendemos mapear aqui com alguns dos muitos exemplos que abundam em folhas de jornais oficialistas, começa essencialmente no início dos anos 2000. Da Saúde ao “milhão de casas”, passando pela famosa “diversificação da economia”, que já parece música repetida, várias foram as promessas feitas pelo único partido que, desde Novembro de 1975,assumiu a responsabilidade de governar. Foi um dos líderes políticos deste mesmo partido que eternizou a máxima “o mais importante é resolver os problemas do povo”, uma importância cada vez mais relativizada pela incapacidade de responder às questões deste povo que busca pelo “país prometido” nas lixeiras,no descontentamento de um post do Facebook, nas ruas, na arte, na revolta.

São transcendentes. Ultrapassam Agostinho Neto, o primeiro;José Eduardo dos Santos, o longo segundo; e agora João Lourenço. Mas todas estas promessas têm como fio condutor o mesmo partido, o MPLA, que no uso gratuito do poder da palavra tanto prometeu e tão pouco entregou. E isto não somos nós a dizer. A realidade fala por si mesma.

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