Se o teatro é a vida como um espelho, o seu simbolismo conecta-nos com o espaço que representa no palco. Neste captar da essência, o teatro projecta realidades concretas e alternativas que lhe conferem um poder imenso, revolucionário em muitos casos. O poder de afirmar a identidade de um povo é uma dessas forças brutas. Olhamos para Cabo Verde. E como, com o teatro, um país se reivindica a si mesmo.
A base da sociedade cabo-verdiana surge de um processo de crioulização de 500 anos entre pessoas escravizadas trazidas da Costa Africana e colonos europeus. Ao longo dos séculos, esta interacção entre diferentes culturas moldou diversos aspectos da vida social, política e cultural do arquipélago. O teatro não foi excepção.
Desde o povoamento das ilhas, o teatro foi um meio para denunciar o colonialismo e promover uma restauração identitária do povo crioulo. As primeiras manifestações parateatrais em Cabo Verde faziam uma reflexão sobre as estruturas de poder, com ênfase na relação entre colonizador e colonizado.