Movimento

Sobressair de uma dança

Paula Agostinho
foto/ilustração:
Luca del Pia (“Amore”, Pippo Delbon, 2022)

Cresci numa família mais de leitores que de ouvintes ou dançantes. O meu pai devora livros. A minha irmã também. A minha mãe lê um pouco menos. É mais ouvinte, como eu. Nas raras festas de casamento da família, é sempre com carinho que vejo os meus pais dançar. Contam-se nos dedos de uma mão as vezes que pude vê-los sorrir, agarrados um ao outro - o meu pai a tentar manter o ritmo e a minha mãe genuinamente feliz por dançar com ele.

Durante a nossa infância, nos finais dos anos 80, a minha mãe acordava-nos religiosamente ao sábado com o vinil da banda sonora do “Roque Santeiro”, num volume que costumava franzir o sobrolho do meu pai – quando estava em casa. Mas sábado de manhã ele ia pescar. Eu adorava acordar assim. E aí a minha mãe dançava também, mas comigo.

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