Poder tradicional, autarquias e sentimentos no coração da Lunda. Fomos conversar, em formato redondo, como o jango grande, com os líderes Cokwe Mwatchissengue wa Tembo, Soba Cafula Moçambique e Soba Muhuhu, que nos contaram desejos legítimos e histórias que estão na base de um país que se pretende funcional para todos.
Quando se aproxima o fim do período de férias escolares a tensão aumenta nas cidades. As famílias começam a pensar no regresso das aulas e em tudo o que isso implica para o futuro. Mas são os sentimentos dos putos que mais se agitam. Não em Saurimo. Aqui o tempo parece eterno e que nada pode quebrar as ruas traçadas a régua e esquadro por homens e mulheres, tudo é demasiado aritmético para imaginar alguma coisa fora do previsto.
É da cinzenta capital da Lunda Sul que partimos rumo ao Itengo, ou Lutengo (talvez ainda lá voltemos, à dura luta entre as línguas locais e o português), o coração do reino Cokwe, que tem a figura de Mwatchissengue wa Tembo no topo da hierarquia. A viagem demora cerca de uma hora.
– A capital da província devia ser aqui no Itengo? – questionamos no início de uma longa conversa com o soberano.
Paira uma sensação de estiga contida, mas também de respeito institucional em relação a Saurimo. Mwatchissengue wa Tembo desfia impressões sobre família, história e poder local, autárquico e tradicional.